Ela acostumou-se a ser poesia, a enxergar poemas,
a extrair delicadezas, a desejar gentilezas. E acabou calculando errado. Na sua
mente tão congestionada, permitiu que ele, tão frio e errado, ali fizesse
morada. Dentro do seu coração generoso, não cabiam dúvidas e divagações. E por
isso ela insistia em ver nele versos que ele nunca soube ler. Ela teimava em
ouvir dele poemas que ele nunca quis recitar. Ela esperava dele danças que ele
nunca ousou convida-la para dançar. Ela dançava sozinha, escutando em seu
ouvido canções que ela jurava que ele havia composto para eles, mas era tudo
fruto de sua imaginação, de seu encanto pela vida, de sua alma colecionadora de
ilusões.
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